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Charles Spurgeon: Uma Breve Biografia

Charles Spurgeon: Uma Breve Biografia

 Chamado  aos  não  convertidos  (Sermão 174)  

Pronunciado  na  noite  de  Domingo,  8  de  novembro  de  1857,  pelo Rev.  C.  H.  Spurgeon na  Capela de  New Park  Street,  Southwark  (Inglaterra) ________ Tradução:  Paulo  Athayde Todos aqueles que  são  das obras da  lei estão  debaixo  da  maldição; porque  está escrito:  maldito todo  aquele que  não  permanecer  em todas  as  coisas  que estão escritas  no  livro da  lei,  para  fazê-las. (Gal. 3:10). Meu  querido  ouvinte.  Você  está  convertido  ou  não? 
 De  sua resposta a esta questão dependerá a forma pela qual me dirigirei  a você  neste dia. Queira,  eu  lhe rogo,  pela tua alma,  esquecer  por  alguns  momentos  que  você  se encontra  num lugar  de culto,  ouvindo  um  ministro  do  Evangelho,  que prega a um auditório numeroso.  Tente imaginar  que você  está sentado em sua casa,  em sua sala,  e  que  eu  estou  ao  seu  lado,  sua  mão  na  minha,  conversando  sozinho  com  você; porque  é  assim que eu  desejo  falar  neste momento a cada  um  dos  que me  escutam. Eu  repito  então,  meu  querido  auditório,  a questão  soberanamente importante e solene  que já  coloquei,  e eu  lhe conjuro a responder  como na  presença  de  Deus. Você  está em Cristo ou  fora  dele? Você  procurou  um  refúgio junto daquele que é a única esperança do  pecador?  Ou  você  ainda é um  estrangeiro  na  república de Israel,  longe  de  Deus  e  fora  das promessas de  seu  santo  Evangelho? Vejamos,  meu  irmão,  sem  hesitação  ou  falsas  desculpas;  seja  sincero  e  que  sua consciência responda  SIM ou  NÃO à minha pergunta.  Porque,  de  duas  coisas,  uma: ou  você  está  sob  o  peso  da  cólera  de  Deus,  ou  está  livre  dessa  ira.  Não  há  outra alternativa.  Sim,  você  é neste momento mesmo,  herdeiro  da  maldição divina,  ou herdeiro  do reino da  graça.  Qual  desses dois  estados é  o seu? Você  é  que  tem  de dizer.  E  que não  haja  “se”  ou  “talvez”  em sua  resposta,  mas  que ela seja  clara,  leal, categórica. Se  você  tem  ainda dúvida  a este respeito, eu  lhe suplico,  não  dê  repouso a sua alma até que a dúvida  se  dissipe.  Sobretudo,  não  se  apresse  em interpretar  a dúvida  em  proveito próprio;  antes  a  considere como uma  forte presunção contra você.  É  mais  provável,  creia,  que você  esteja  no  mau  estado  que no  bom.  Agora então,  ó meu  irmão,  ponha  sua alma na  balança e se  um  dos  pratos  não pesa  mais que o  outro,  mas  os  dois  se  mantêm  perto do  equilíbrio,  de  tal sorte que  você  seja obrigado  a  dizer “Eu  não  sei  qual”,  lembre-se  que  é  melhor  você  decidir a  questão
pelo pior,  ainda que isso  seja  terrível,  do  que resolver  esta questão pelo bem, correndo  o  risco  de  se  deixar  seduzir e  continuar a  viver sob  uma  segurança presunçosa,  até que você  finalmente  reconheça sua fatal ilusão no  abismo do inferno.  Pode  você  então,  com  uma mão  posta  na  Palavra de  Deus  e  outra em seu  próprio coração,  elevar  neste  instante  seus  olhos  para  o  céu  e  dizer  com  uma  humilde segurança:  “Eu  sei  uma coisa,  que estava  cego  e agora vejo;  eu  sei  que  passei  da morte  para  a  vida;  eu  sou  o  primeiro  dos  pecadores,  mas  Jesus  morreu  por mim  e  a menos  que  eu  me  engane  da  maneira mais  terrível,  eu  sou  desde  agora um  dos resgatados  por  Cristo,  um  monumento da  graça de  Deus?”  Você  pode,  em boa consciência,  me  dar  essa  resposta?  Se  é  assim,  ó  meu irmão,  a  paz  de  nosso  Senhor seja  contigo!  Que a bênção do  Altíssimo repouse sobre sua alma!  Não tema;  as palavras  que  vamos  meditar não  serão  mais  como  raios  para  você. Leia  o  versículo 13  do  capítulo  que  tirei  meu  texto,  e  aí  você  encontrará  a  confirmação gloriosa  de suas  esperanças  – Cristo  foi  feito  maldição  por  nós,  porque  está  escrito:  maldito  o que  for  pendurado  no  madeiro.  (Gálatas. 3:13)    Se então é verdade que você  é  um  filho de  Deus,  convertido   regenerado,  eu repito, você  não  tem nada  a temer, porque  Cristo  se  fez maldição  em seu  lugar. Mas  tenho a  convicção  de  que a grande  maioria desta assembléia  não  poderia me dar  uma resposta semelhante;  e você  em  particular,  meu  querido ouvinte (porque quero  continuar a  me  dirigir pessoalmente  a  você),  você  não  ousaria,  não  é verdade,  falar  assim,  porque  você  é estranho  à aliança da  graça.  Você  não  ousaria mentir  a Deus  e à  sua consciência;  por  causa  disso  você  diz  com  uma  franqueza que lhe honra:  “Eu  sei  que  nunca fui  regenerado;  eu  sou  hoje  o que tenho  sido  em todo o tempo”.  Portanto,  é com você  que eu  quero falar,  ó  homem!  E  eu  lhe conjuro,  por Aquele  que  haverá  de  julgar  os  vivos  e  os  mortos,  por  Aquele  diante  do  qual  eu  e você  deveremos logo  comparecer; eu  lhe  conjuro a  escutar  com  atenção o que  tenho a lhe dizer  da  parte  do  Senhor,  lhe lembrando que este apelo talvez seja  o último que  lhe  será  dado  a  ouvir!  E  eu  te conjuro  também,  ó minha  alma,  a falar  com fidelidade  a  estes homens  mortais que  te  cercam,  por  medo que  no  último  dia,  o sangue  de  suas  almas não  seja  encontrado  em  roupa,  e  que  tu  mesma  não  sejas reprovada! Ó Senhor,  leve-nos  todos  a  um  estado de reverência  e introspecção.  Queira  nos  dar, neste momento,  ouvidos  que ouçam,  uma memória que retenha e uma consciência que seja  tocada  por teu  Espírito, pelo  amor  de  Jesus  ! Nós  dividiremos  este discurso  em três  partes.  Primeiro,  NÓS JULGAREMOS O ACUSADO;  em  segundo  lugar,  NÓS  PRONUNCIAREMOS  SUA SENTENÇA;  e finalmente,  se  ele se  reconhecer  culpado  e se  arrepender  (somente nestas condições),  NÓS  LHE ANUNCIAREMOS  A LIBERTAÇÃO. Primeiro,  façamos o  JULGAMENTO  DO  ACUSADO. 
Meu  texto diz assim:  maldito todo  aquele que não permanece em todas  as  coisas escritas  no  livro da  Lei  para  as  praticar.  Homem não convertido,  eu  lhe pergunto, você  é culpado ou  não culpado? Você  tem perseverado em todas  as  coisas  que estão escritas  no  livro da  Lei?  Na verdade,  me parece  quase impossível que você  ouse sustentar  sua inocência;  mas  quero supor,  por  um  instante,  que você  tenha a triste coragem de  fazê-lo.  Quero supor  que você  diga  ousadamente:  “Sim,  eu  persevero em todos  os  mandamentos  da  Lei.”  É  o que nós  vamos  examinar,  meu  caro  ouvinte; e antes  de  tudo,  permita-me  lhe perguntar  se  você  conhece esta lei  que você  diz cumprir.  Eu  vou  lhe dar  um  simples  resumo que  chamarei  exterior,  mas  lembre-se que ela possui  um  sentido  interior  e  espiritual  infinitamente  mais amplo  que  seu  sentido literal.  Escute então  o  primeiro  mandamento  da  Lei: NÃO TERÁS OUTRO DEUS DIANTE  DE  MIM. (Êxodo 20 :3)  O  quê?  Você  jamais  amou  outra coisa além de  seu  Criador?  Você  sempre  lhe deu  o primeiro  lugar  em suas  afeições?  Você  não  tem feito  um  Deus  de  seu  ventre,  ou  de seu  comércio,  ou  de  sua família,  ou  de  sua própria pessoa?  Oh!  Você  certamente não ousará  negar  que este primeiro  mandamento lhe condena!  E  o segundo,  você  o tem obedecido melhor?  NÃO FARÁS PARA TI IMAGEM DE  ESCULTURA, NEM ALGUMA SEMELHANÇA DO QUE HÁ  EM  CIMA  NOS  CÉUS, OU  EM BAIXO NA  TERRA, NEM  NAS  ÁGUAS DEBAIXO DA  TERRA.( Êxodo 20:4)
O quê!  Você  jamais  se  curvou  diante da  criatura?  Jamais  colocou  qualquer  objeto  terrestre  no  lugar de  Deus?  De  minha  parte,  eu lhes  declaro para  minha vergonha,  que tive  ídolos  em minha vida;  e se  sua consciência fala com sinceridade,  estou  certo que ela lhe dirá  também:  “Ó  homem! Você tem sido  um  adorador  de  Mammon,  um  adorador  de seus  sentidos;  você tem se  prostrado  diante  de  seu  dinheiro  e  seu  ouro; você  tem  se  inclinado  lhes  dando honra e dignidade;  você  tem feito um  Deus  de  sua intemperança,  um  Deus  de  suas cobiças,  um  Deus  de  sua  impureza,  um  Deus  de  seus  prazeres! E o  terceiro  mandamento.  NÃO TOMARÁS O NOME DO  SENHOR TEU DEUS EM VÃO. (Êxodo20:7) 
Você ousaria sustentar  que não o tem violado? Você jamais  proferiu  juramentos grosseiros,  ou  palavras  blasfemas;  não empregou  ao menos  irreverentemente  o nome  de  Deus,  em  suas  conversas comuns?  Diga-me:  você  tem  sempre  santificado este  nome,  três  vezes santo?  Você  nunca  o  pronunciou  sem  necessidade?  Você nunca leu  o livro de  Deus  distraidamente e com pressa? Você  nunca escutou  a pregação do  Evangelho,  sem respeito e recolhimento?  Oh!  Certamente,  aqui também,  você  tem que se  confessar  culpado. 
E quanto ao quarto mandamento,  que trata da  observação do  sábado. LEMBRA-TE DO DIA  DE  DESCANSO  PARA O SANTIFICAR.  (Êxodo20:8)Há  alguém bastante atrevido  para  dizer  que nunca o transgrediu?  Oh!  Homem, ponha então  sua mão  na  boca  e reconheça que estes  quatro  mandamentos bastariam para  lhe convencer  do  pecado  e para  despejar  sobre você  a justa cólera de  Deus  ! Mas continuemos nosso  exame. HONRA A TEU PAI E A TUA MÃE. (Êxodo20:12) O quê!  Você  pretende  não ser  culpado neste ponto? Em  sua juventude,  você  nunca os  desobedeceu?  Você  nunca  se  rebelou  contra  o  amor  de  sua  mãe,  nem  desprezou a autoridade  de  seu  pai?  Folheie  as  páginas  de  seu  passado.  Veja  se  em  sua infância,  ou  mesmo em sua  idade madura,  você  sempre  falou  com seus  pais  como deveria fazer;  veja  se  você  sempre  os  tratou  com a honra que eles  têm direito e que Deus lhe  ordenou lhes  dar. NÃO MATARÁS. (Êxodo 20:13) É  possível,  meu  caro  ouvinte,  que você  não tenha violado a letra deste mandamento;  é possível que você  não tenha tirado  a vida  a um  de  seus semelhantes;  mas  você  nunca  se  deixou  dominar  pela cólera?  Ora,  a Palavra de Deus  declara expressamente que aquele que  se  encoleriza contra  seu  irmão,  é um assassino  (I  Jo  3:15).  Julgue,  depois disso,  se  você  é  ou  não  culpado. NÃO COMETERÁS ADULTÉRIO. (Êxodo 20: 14)Talvez você  tenha cometido  coisas  abomináveis,  e esteja  mergulhado  hoje  mesmo, nas mais vergonhosas luxúrias; mas,  admitindo  que  você  tenha  sempre  vivido  na castidade mais  perfeita,  você  pode  dizer,  ó meu  irmão,  que você  não tem nada  a lhe reprovar  neste mandamento,  quando  você  se  coloca  na  presença  destas  solenes palavras  do  Mestre:  qualquer  que  olhe  uma mulher  para  a cobiçar,  já  cometeu adultério com  ela  em  seu  coração (Mt  5:28).  Nenhum  pensamento  lascivo atravessou  seu  espírito?  Nenhum  desejo  impuro  manchou  sua  imaginação?  Oh! Certamente,  se  sua fronte  não  é dura  como o  bronze,  se  sua consciência não estiver inteiramente cauterizada,  sua resposta a estas  questões  não deixaria  dúvidas. NÃO FURTARÁS. Êxodo 20:15  Você  jamais  roubou  alguém?  Talvez,  nesta manhã mesma,  você  tenha cometido  um furto,  e se  encontra  aqui,  em meio  ao povo,  ainda com o produto do  seu  latrocínio; mas  ainda que você  seja  de  uma probidade exemplar,  entretanto,  não houve momentos  em sua vida,  em que você  provou  um  secreto desejo  de  enganar  seu próximo? Eu  vou  mais  longe – você  nunca  cometeu,  às  escuras  e em  silêncio, 
algumas  daquelas  fraudes,  que mesmo  não sendo contrárias  às  leis  de  seu  país,  não deixam  de  ser  infrações manifestas  da  santa  Lei de  Deus? E  quem de  nós  seria tão audacioso em afirmar  que tem obedecido perfeitamente ao nono  mandamento? NÃO DIRÁS FALSO TESTEMUNHO CONTRA  TEU PRÓXIMO (Êxodo 20:16) Nunca demos  ocasião  à  calúnia?  Nós  não  temos,  freqüentemente, interpretado  mal as  intenções de  nossos  semelhantes?   E o  último mandamento. NÃO COBIÇARÁS. (Êxodo 20:17)  Onde  está o homem que  não tenha pisado  este  mandamento com os  pés?  Quantas vezes não  temos desejado  mais do  que  Deus  nos tem  dado?  Quantas vezes nossos corações  carnais  não têm suspirado pelos  bens  que o Senhor  em sua sabedoria julgou melhor  nos  recusar?  Ah!  meus  amigos;  sustentar  nossa inocência diante  da Lei  de  Deus, não  seria  isso, lhes  pergunto,  um  ato  de  verdadeira  loucura?   E  não lhes  parece  que a simples  leitura desta Lei  santa deveria bastar  para  extrair  de  nós, cheios  de  humilhação e  penitência,  esta frase:  “Nós  somos  culpados,  Senhor,  somos culpados  em todos  os  pontos?” Mas  ouço  alguém me dizer:  “Não,  não quero me reconhecer  culpado.  Certamente, não teria a  pretensão de  perseverar  em todas  as  coisas  que estão escritas  no  livro da Lei,  mas  ao menos,  fiz o que pude.  Isto é falso,  ó homem!  Você  se  engana  e mente diante  da  face  de  Deus!  Não,  você  não  fez  tudo  que  é  possível  para  perseverar  no bem.  Em  milhares  situações  de  sua vida,  você  deveria ter  agido melhor  do  que  agiu. O quê!  Este  homem  ousaria  afirmar que  fez  o  possível  para  agradar a  Deus, quando o vejo  assentado no  banco dos  escarnecedores,  e insultar  seu  Criador  até em  seu santuário?  O  quê!  Todos que  estamos aqui,  não  teríamos  podido,  se  tivéssemos querido,  resistir  àquela tentação,  evitar  aquela queda cuja  lembrança nos  condena? Se  nós  não  fôssemos  livres  para  escapar  do  mal,  sem  dúvida  seríamos  desculpados ao cair;  mas  quem de  nós  não é forçado a reconhecer  que  houve em sua vida momentos  solenes,  nos quais chamado  a  escolher  entre  o  bem  e  o  mal, resolutamente escolheu  o mal e virou  as  costas  ao bem,  andando assim,  sabendo e querendo,  no  caminho que conduz  ao inferno?” “Ah!  Exclama  um  outro,  é verdade que infrinjo  a Lei  de  Deus,  mas  não sou  pior  do que aqueles  que me cercam”.  Pobre argumento é este,  meu  caro  ouvinte,  ou melhor,  de  fato nem pode  ser  chamado assim.  Você não é,  assim creio,  pior  que o resto dos  homens,  mas  lhe rogo,  em que  isto lhe é vantagem ? Será  uma coisa menos  terrível ser  condenado  em companhia,  ainda que  seja,  de  um  único  perdido? Quando,  no  último  dia,  Deus  disser  aos ímpios: Vão,  malditos,  para  o  fogo  eterno! (Mateus 25:41)Você  crê que esta terrível sentença  lhe  será  mais  doce,  porque  ela será  dirigida  aos milhares,  tanto quanto a você?   
Se  o  Senhor  precipitasse  uma  nação  inteira  no  inferno,  cada  indivíduo  sentiria  tão vivamente o peso  desse  castigo,  como se  fosse o  único  a carregá-lo.  Deus  não é como  os  juízes  da  terra:  se  os  tribunais  fossem entulhados  de  acusados, talvez fossem  tentados  a  passar  levemente  por  sobre  mais de  um  processo; mas  o Altíssimo  não agirá assim.  Infinito em todas  as  suas  faculdades,  o grande  número de criminosos  não será  obstáculo para  Deus.  Ele se  mostrará  tão justo e inflexível com  você,  como  se  não existisse  outro pecador  como  você.  Além  disso,  que  você tem,  eu  rogo, com  os pecados de  outrem? Você  não é  responsável,  porque  cada  um levará  seu  próprio peso.  Deus  lhe julgará segundo suas  obras  e não segundo as  dos outros.  As  faltas  da  mulher  de  vida  má,  podem  ser  mais grosseiras  que  as  suas,  mas não se  lhe  pedirá  conta  de  suas  iniqüidades.  O  crime  do assassino  pode  revelar muito  aos meus  olhos sobre  suas  próprias  transgressões,  mas você  não  será condenado por  ele.  Fixe  bem em seu  espírito,  ó homem,  que a religião é um  negócio entre Deus  e você,  por  isso,  lhe  conjuro,  olhe seu próprio coração e  não o de seu próximo. Mas  ouço outro de  meus  ouvintes  falando  assim:  “Quanto a mim,  tenho me esforçado muito em guardar  os  mandamentos  de Deus  e,  em certos  períodos  de minha vida,  creio que tenho conseguido:  isso  não é  suficiente para  me pôr  ao abrigo  da  maldição?”  Para  responder, meu  irmão,  permita-me  outra  vez  ler a sentença  contida em meu  texto:  “Maldito todo  aquele que não permanecer  em todas  as  coisas  que  estão escritas  no  livro da  lei,  para  fazê-las.”  (Gálatas 3:10)  Ah!   Você  não se convence  que o Senhor  jamais  confunde  as  cores  agitadas  de  uma irresolução mórbida com a santidade e obediência?  Não será  uma observação passageira  e intermitente destes  mandamentos  que ele aceitará  no  dia do  juízo;  não,  é preciso perseverar  em fazer  sua vontade.  Se então,  desde minha mais  tenra infância,  até  a hora  em que meus  cabelos  brancos  descerem ao sepulcro,  minha  vida  não for  um incessante  cumprimento  da  Lei de  Deus,  eu  serei condenado!  Se  desde  o  instante em que  minha  inteligência  recebe  seus  primeiros  raios  de  luz,  eu  me  torno  um  ser responsável,  até o dia  em que,  como  uma espiga  madura,  eu  sou  recolhido  nos celeiros  eternos,  eu  não observei  em sua inteireza  todas  as  ordenanças  de  meu Mestre,  a salvação pelas  obras  é impossível  para  mim,  e estarei  infalivelmente perdido! Então,  não espere,  ó homem,  que uma obediência  vacilante e sem conseqüência salvará sua alma.  Você  não  perseverou  em todas  as  coisas  que estão escritas  no livro da  Lei.  Por  conseqüência,  você  está  condenado. Mas  outro objeta  – “se  há  vários  pontos  da Lei  que transgredi,  não quer  dizer  que eu  seja  menos virtuoso”.  Eu  concordo,  meu  irmão.  Quero  supor  que  de  fato  você tem sido  um  modelo de  virtude;  eu  quero supor  que  você  é puro  de  muitos  vícios. Mas  releia  meu  texto (e  lembre-se que  não é  minha palavra,  mas  a palavra de  Deus que você  vai  ler).  “Maldito todo  aquele que  não perseverar  em todas  as  coisas  que estão escritas  no  livro da  Lei.”  Note que não está dito para  perseverar  em  algumas coisas,  mas  em todas  as  coisas. 
Ora,  eu  lhe  pergunto,  você  tem praticado todas  as  virtudes?  Você  tem evitado todos os  vícios?  Você  diz, talvez, para sua defesa:  “Eu  não  sou  um  intemperante.”  Que seja.  Mas você  não  será  menos  condenado,  se  você  tem  sido  um  fornicário.  “Eu jamais  cometi  impureza”,  você  grita.  Que seja  ainda.  Mas  se  você  tem profanado o sábado,  você  tem incorrido  em maldição.  Você  me responde  que também nisto você não pode ser  reprovado? Eu  replico que se  você tem tomado o nome de Deus  em vão,  esta  única transgressão basta para  lhe condenar.  Sobre um  ponto ou  outro,  a Lei de  Deus  lhe  atingirá  indubitavelmente.  Mas há  mais –  não  somente  afirmo  (e estou  certo que sua  consciência confirma também)  que você  não tem  perseverado em todas  as  coisas  que estão escritas  na  Lei,  mas  ainda sustento que você  não tem perseverado em guardar  em sua inteireza um  único dos  mandamentos  de  Deus.  O mandamento é de  uma grande  amplitude,  disse  o salmista (Sl 109:96),  e nenhum homem sobre a terra  conseguiu  sondar  sua  profundidade.  Não é apenas  o ato exterior  que nos  deixa passíveis  da  condenação eterna,  mas  o pensamento,  a imaginação,  a concepção  do  pecado,  bastam para  fazer  perder  a alma.  E  lembremse, meus  caros  amigos, que  esta  doutrina, que  pode, eu  concordo, lhes  parecer dura,  não é minha – ela é de  Deus.  Se  vocês nunca  tivessem  transgredido  a  Lei divina,  mas se  seus corações  têm concebido  maus  pensamentos ou  nutrido  maus desejos,  vocês merecem  o  inferno. Se vocês  tivessem vivido  desde seu  nascimento até hoje,  em um  lugar  inacessível, longe de  qualquer  ser  humano,  e lhes  tivesse  sido  impossível de  fisicamente cometer  seja  um  ato impuro,  seja  um  assassinato,  ou  uma injustiça,  as  imaginações de  seus  corações  depravados, só  elas  bastariam  para  lhes  banir para  sempre  da presença  de  Deus.  Não!  Não há  uma alma nesta grande  assembléia  que possa esperar  escapar  da  condenação da  Lei!  Todos,  desde o primeiro  até o último, devemos  nos  curvar  diante de  Deus,  e gritar  em uma  única  voz – “Nós  somos culpados,  Senhor,  nós  somos  culpados!”  Quando eu  te  contemplo,  ó Lei,  minha carne treme,  meu  espírito fica  perdido!  Quando  ouço  roncar  seu  trovão, meu  coração  se  derrete  como  cera  dentro  de  mim! Como posso  suportar  tua presença?  Como poderei  aplacar  tua justiça?  Certamente, se  no  último dia eu  tivesse  de  comparecer  a  teu  tribunal,  não saberia escapar  da condenação,  porque  minha consciência será  minha acusadora! Mas  creio que é supérfluo insistir  muito  neste ponto.  Oh!  Você  que está fora  de Cristo  e  sem  Deus  no  mundo,  não  se  convenceu  ainda  que  você  está  sob  o  golpe  da cólera  divina? Para  trás  de  nós,  loucas  ilusões!  Caí,  máscaras  da  mentira!  Lancemos ao  vento  nossas  vãs  desculpas e  reconheçamos  que  ao  menos que  nós sejamos cobertos  pelo sangue  e da  justiça de  Cristo,  a maldição contida em meu  texto,  fecha a cada  um  de  nós,  individualmente,  a porta  dos  céus  e não nos  deixa nada  mais  a esperar  além das  chamas  da  perdição. II O acusado é,  então,  julgado e reconhecido culpado.  Agora SUA  SENTENÇA  TERÁ DE SER PRONUNCIADA. Em  geral,  os  ministros  de  Deus  amam  pouco  esta  tarefa. 
De  minha  parte,  lhes  confesso,  preferiria  pregar  vinte sermões  sobre o amor  de Cristo,  do  que  um  único  como  este. De  resto,  me é raro  escolher  assunto como este,  visto que  não me parece  necessário tratá-lo freqüentemente;  entretanto,  se  nunca o tratasse,  se  deixasse  sempre  as ameaças divinas relegadas a  segundo  plano,  sinto  que  meu  Mestre  não  poderia abençoar  a pregação de  seu  Evangelho,  porque  Ele quer  que a Lei  e a graça sejam anunciadas  na  mesma  medida  e que  cada  uma conserve  o  lugar  que  lhe  é próprio. Ouçam então,  meus  irmãos,  enquanto que,  com dor  na  alma eu  pronunciarei  a sentença  levantada  contra  todos  aqueles dentre  vocês  que  não  pertencem  a  Cristo  – Pecador  não convertido! Você  é  maldito!  Maldito neste momento mesmo!  Você  é maldito não por  causa de  um  auto-denominado mágico qualquer,  cujo  pretenso sortilégio  só  pode  despertar medo  aos  ignorantes;  não  por algum  monarca  terrestre que  poderia  no  máximo  fazer perecer seu  corpo  e  devastar  seus  bens; mas  maldito pelo  seu  Criador ! Maldito  pelo  Monarca dos  céus!  Maldito!  Oh!  Que  palavra é esta! Que coisa terrível é a maldição de  qualquer  parte que ela venha!  E  a maldição de um pai,  como  ela  deve  ser  a  mais  terrível  entre  todas!  Temos visto  pais  que,  levados ao desespero pela conduta de  um  filho rebelde e depravado,  têm levantado suas mãos  aos  céus,  pronunciando  sobre o filho a  mais  terrível  das  maldições.  A  Deus não  agrada  que  eu  aprove  esse  ato!  Reconheço,  ao  contrário,  que  é  tanto  temerário quanto  insensato.  Mas,  qualquer  que  seja  a  reprovação  com  que  se  possa considerar  o ato em si,  não resta menos  verdadeiro  que  a maldição  de  um  pai imprime  sobre  aquele  que  a  mereceu,  uma  vergonhosa,  indelével  destruição.  Oh! Eu  sofro só  em pensar  o que minha alma provaria  se  tivesse  sido  amaldiçoada por aquele  que  me  gerou!  Certamente,  meu  céu  estaria  coberto  por  trevas;  o  sol não brilharia  mais  em  minha  vida. Mas  ser maldito  de  Deus!… Oh!  Pecadores,  as  palavras  me  faltam  para  lhes  falar o  que  é  esta  maldição!… Mas  eu  lhes  ouço  me responder:  “Se é verdade que nós  temos  incorrido  na maldição  divina,  ao  menos não  sentiremos  seus  efeitos durante  esta  vida;  isso  é algo  que espera  um  futuro  ainda bem distante,  por  isso  pouco  nos  inquieta.”  Você se  engana,  ó alma,  você  se  engana!  Desde agora a cólera  de  Deus  permanece  sobre você.  Você  não  conhece  ainda,  é  verdade,  a  plenitude  da  maldição,  mas  por  isso agora  mesmo você não é  menos  maldito.  Você  ainda não está  no  inferno;  o Senhor não lhe cerrou  definitivamente as  entranhas  de  suas  misericórdias  e não lhe rejeitou  ainda  para  sempre;  mas  você  está  debaixo  do  golpe  da  Lei.  Abra  o  Livro  de Deuteronômio.  Leia  as  ameaças  dirigidas  ao  pecador,  e veja  se  a maldição  de  Deus não é ali  colocada  como algo  imediato,  atual,  presente.  (Deut.  28:15-16).  Está escrito que  você  será  maldito na  cidade,  isto  é,  no lugar  de  sua  habitação,  de  seu trabalho,  de  seus  negócios; você  será  maldito  nos campos,  isto  é,  nos lugares onde você vai  procurar  o descanso,  repouso,  o prazer;  seu  cesto será  maldito e também sua amassadeira;  o fruto de  seu  ventre  será  maldito e o fruto de  sua terra;  as  crias de  suas  vacas  e as  ovelhas  de  seu  rebanho;  será  em sua entrada e em sua saída!  Há homens  sobre os  quais  a maldição divina  parece  pesar  de  uma maneira visível. Tudo  o que eles  fazem é amaldiçoado.  Se eles  adquirem riquezas,  a maldição se agarra  a elas;  se  eles  constroem casas,  a maldição cai  sobre suas  casas.  Veja  o avarento:  ele é amaldiçoado em seus  tesouros,  porque  sua  alma está tão corroída
pela ganância  e cobiça,  que ele não  pode  desfrutar  de  seus  tesouros  mesmos.  Veja  o intemperante: seu  cesto  e  sua  amassadeira  são  literalmente  malditas,  porque  seu palácio,  regado de  bebidas embriagadoras,  não pode  mais  usufruir  de  nenhum alimento.  Ele  é  também maldito em  sua entrada e saída,  porque  desde quando  ele atravessa  a soleira de  sua própria casa,  suas  crianças  correm para  se  esconder,  tal o medo que  ele  lhes  inspira.  E   será  maldito  um  dia,  no  fruto  do  seu  ventre,  porque quando  seus  filhos  avançarem na  idade,  eles  seguirão certamente  o exemplo de  seu pai;  eles  se  darão aos  mesmos  excessos  de  seu  pai;  eles  jurarão como ele jurou;  eles se  aviltarão  como  ele se  aviltou.  Hoje, o  infeliz procura talvez se  convencer que pode,  sem grande  inconveniente,  se  embebedar  e blasfemar  quanto bom lhe pareça;  mas  que dor  aguda atravessará  sua  consciência (se ainda lhe resta alguma consciência  …),  quando  vir seus  filhos  andarem  sobre  suas  vergonhosas  pegadas  ! Sim,  repito,  a maldição divina  acompanha  de  uma  maneira visível certos  vícios; mas  ainda que ela não seja  sempre  igualmente  aparente,  na  realidade ela não pesa menos sobre  qualquer  que  seja  a  transgressão  da  Lei.  Você,  então,  pecador,  que vive  sem Deus,  sem Cristo,  estranho  à graça de  Jesus,  saiba,  você  é maldito – maldito quando se  assenta,  maldito quando se  levanta  !  Maldito  é o  leito onde você deita;  maldito o pão que você come;  maldito  o  ar  que  você  respira!  Para  você  tudo está  amaldiçoado.  O  que  quer  que  você  faça, ou  aonde  você  vá, você  é  maldito!… Oh!  Pensamento  terrível!  Neste momento mesmo,  eu  não posso duvidar;  eu  tenho diante  de  mim  um  grande  número  de  criaturas imortais que  são malditas  de  Deus! Infelizmente!  Por  que é preciso que  um  homem fale assim a seus  irmãos? Mas ainda  que  este  dever  seja  penoso,  como  ministro  de  Cristo,  eu  tenho  de  cumpri-lo, sem o que eu  seria infiel em relação às  suas  almas  que perecem.  Ah!  Queira  Deus que  haja  nesta assembléia  alguma pobre alma que,  cheia  de  pavor,  grite:  “É verdade  então?  Eu  sou maldito?  Maldito  de  Deus  e  de  seus  santos  anjos,  maldito sobre a terra e no  céu  – maldito !  maldito  !  Sempre  maldito !”  Oh  !  Eu  estou convencido  que se  não quisermos  levar  a sério esta  única palavra –Maldito – não precisará  muito  para  dar o  golpe  de  morte  à  nossa  indiferença  e  torpor  espirituais!  Mas,  tenho mais  que  isto a lhe  dizer,  meu  querido ouvinte.  Se você  é impenitente e incrédulo,  devo  lhe advertir  que a maldição  que  hoje  está sobre você,  não pode  em nada  ser  comparada com aquela que cairá sobre você  depois.  Você  sabe que em poucos  anos  nós  devemos  morrer.  Sim,  jovem,  logo  você  e  eu  envelheceremos;  ou talvez bem  antes  de  alcançarmos  a velhice,  nos  estenderemos  sobre nosso leito, para  nunca  mais  nos levantarmos.  Nós acordaremos de  nosso  último  sono,  e ouviremos  murmurar  ao  nosso  redor que  nossa  última  hora  vai  soar. O  médico consultará  uma  última vez nosso  pulso,  depois  dirá  à nossa  família amargurada  que não  há  mais esperança!  E  nós estaremos lá,  deitados,  imóveis  e  sem  força.  E nada virá  romper  o  silêncio  lúgubre  do  quarto  mortuário;  apenas  o  barulho  monótono  do relógio ou  o choro de nossa  mulher  e nossos  filhos.  E  teremos  que morrer!…  Oh! Que hora solene  será  quando  formos  pegos  pelo  grande  inimigo  do  gênero humano:  a morte!  Já o gemido despedaça  nosso  peito;  é  muito se  pudermos  articular  uma  única palavra;  nossos olhos se  embaçam;  a  morte  pôs seu  dedo  frio  sobre  o  calor  de  nosso corpo  e  o  atingiu  para  sempre; nossas  mãos  recusam  levantar-se;  estamos à  beira 
do  sepulcro!  Momento decisivo,  momento solene  entre todos  os  momentos  da  vida, é  aquele  onde  a  alma  entrevê  seu  destino;  onde,  como  através das fendas  de  sua prisão  de  barro, ela  descobre  o  mundo  por vir!   Oh!  Que  língua  humana  poderia exprimir  o que passará  no  coração do  não convertido,  quando  ele estiver  diante do tribunal de  Deus,  e ouvir  o estrondo  dos  raios  de  sua  cólera  eterna  em suas  orelhas e sentir  que entre o inferno e ele,  não há  mais  que  um  intervalo de  um  momento!      Quem  poderia  descrever o  terror inexprimível  que  tomará  os  pecadores,  quando  se encontrarem na  presença  das  realidades,  sobre a existência  das  quais  não tinham querido  crer? Ah!  Desprezadores  que me escutem!  Hoje  vocês  podem rir  à vontade das coisas  de  Deus.  Vocês podem,  saindo  deste recinto,  zombar  do  que acabaram de  ouvir,  tornar  ridículo o pregador  e folgar  às  suas  custas.  Mas  esperem até quando  estiverem  sobre  o  seu  leito  de  morte  e  vocês  não  rirão  mais, eu  lhes garanto!  Agora que a cortina está cerrada,  que o futuro  está escondido  de  seus olhos,  lhes  é fácil zombar  do  que virá;  mas  quando  o Senhor  levantar  a cortina,  e os horizontes  eternos  se  desenrolarem  diante  de  seus  olhos,  vocês não  terão  mais coragem  de  rir.  O  rei  Acabe,  assentado  em  seu  trono,  rodeado  de  cortesãos,  riu  do profeta Miquéias;  mas  não  consta que ele tenha rido  do  profeta,  quando  uma  flecha inimiga,  penetrando  por  uma emenda  de  sua couraça,  o feriu  mortalmente (I  Reis 22:34).  Os  contemporâneos  de  Noé riram  do  venerável  ancião que lhes  anunciava que o Eterno haveria  de  destruir  o mundo  por  um  dilúvio:  sem  nenhuma  dúvida  eles  o tinham  por  um  sonhador,  visionário,  um  insensato.  Mas em  que  lhes  tornou  o  seu desdém  e  sarcasmos,  ó  céticos,  quando  Deus  fez  descer  do  céu  imensas cataratas, quando  as  fontes  do  grande  abismo  foram abertas  e o  mundo  foi  inteiramente submerso? Então reconheceram,  mas  tarde demais,  que  Noé havia dito a verdade.   E vocês mesmos,  pecadores que  se  encontram  neste  auditório,  quando  vocês estiverem  no  ponto  de  serem  lançados  na  eternidade,  não  creio  que  rirão  ainda  de mim e da  palavra  que lhes  anuncio.  Antes  dirão a si  mesmos:  “Eu  me lembro daquela época,  quando  um  dia entrei  por  curiosidade  naquele lugar  de  culto;  eu ouvi  um  homem que falava  de  uma maneira  forte e solene;  naquele momento não gostei  muito;  entretanto não poderia negar  o pensamento de  que ele me dizia a verdade e que queria  o meu  bem.  Oh!  Como não escutei  seus  apelos!  Como não aproveitei  seus  avisos!  O  que  não  daria  para  poder ouvi-lo  de  novo!” Há  pouco tempo  um  caso  bem parecido  veio  ao meu  conhecimento.  Um  homem que  muitas  vezes me  havia  coberto  de  zombarias e  injúrias,  tendo  partido  num domingo para  uma viagem de  passeio,  voltou  para  sua casa  apenas  a tempo de morrer. Na  manhã  da  segunda-feira,  sentindo  seu  fim  aproximar-se, o  que  você pensa que ele fez? Mandou  chamar  com pressa  o servo  de  Deus  que lhes  fala neste momento,  aquele mesmo que ele havia insultado tantas  vezes!  Ele queria  que ele lhe indicasse o caminho  para  o céu,  que lhe falasse  do  Salvador.  Eu  fui apressadamente e com alegria.  Mas  infelizmente!  Como  é triste a tarefa de  falar a um profanador  do  sábado,  a um  contendor  do  Evangelho,  a um  homem que passou sua vida  a serviço  de  Satanás  e que chega na  sua  última hora !  E  de  fato,  o  infeliz morreu  logo.  Ele morreu  sem a Bíblia  em sua  casa,  sem oração pedindo  a Deus  por sua alma,  a  não ser  aquela que eu  pronunciava na  cabeceira de  seu  leito…  Oh!  Meus caros  amigos,  creiam:  é uma  coisa terrível morrer  sem Salvador!  Certa vez,  após  ter assistido  os  últimos momentos  de  um  pobre  pecador  que  tocava  a  salvação  de  uma 
forma pela qual eu  teria pouca esperança,  voltei  para  casa  com  a alma quebrada,  o coração entristecido,  pensando  comigo  mesmo : “Meu  Deus! Que  eu  possa  pregar as  insondáveis  riquezas  de  Cristo a cada  hora,  a cada  instante do  dia,  a fim de  que as  almas  possam olhar  para  Cristo antes  de  que lhes  seja  tarde demais!”   Depois,  eu pensei  no  pouco zelo,  pouco amor,  pouco fervor  com o qual  tantas  vezes  anunciei  as misericórdias  de  meu  Mestre,  e chorei  – sim,  eu  chorei  amargamente,  sentindo  que não pressionei  as  almas  como deveria fazer,  ou  seja,  com insistência e lágrimas, para  fugirem  da  cólera  que  há  de  vir. A CÓLERA QUE HÁ DE VIR! A  CÓLERA  QUE HÁ  DE VIR!  Oh!  meus  queridos ouvintes,  firmem bem em  seus  espíritos,  eu  lhes  peço,  que  esta não  é  uma  palavra vã.  As coisas  sobre  as  quais lhes  falo  não  são  nem  sonho,  nem  fábulas de  velhas.  São verdades,  e vocês  as  conhecerão logo,  cada  um  por  sua própria conta.  Sim, pecador,  você  que  não tem perseverado em todas  as  coisas  que estão escritas  no livro da Lei,  e que  não procurou  refúgio  junto  a Cristo,  o dia  se  aproxima quando as coisas  invisíveis  se  tornarão  para  você  realidades  vivas terríveis.  E então,  oh  !   então,  o que você  fará  ? Após  a morte,  segue o julgamento.  Um dia Jesus,  do trono de sua Glória,  virá  julgar  os  vivos  e os  mortos. Tente imaginar  aquele grande  e glorioso  dia  do  Senhor.  O relógio do  tempo soou sua  última hora.  As  almas  dos  reprovados  vão ouvir  sua sentença definitiva.  Seu corpo,  ó  pecador, é  lançado  fora  do  sepulcro; você  desenrola  a  mortalha  e  olha  … Mas  que barulho terrível é esse?  Um  barulho formidável que abala as  colunas  da terra e  faz  cambalear  até o  céu?  É  a trombeta  do  arcanjo,  a trombeta  do  arcanjo que ressoa até  às  extremidades  da  terra,  chamando  todos  os  homens  para  o julgamento!  Você  ouve  e treme.  De  repente uma voz se  faz ouvir,  voz que é saudada por  uns  com  gritos  de desespero,  por  outros  com cantos  de alegria.  “Eis  que  ele virá,  ele virá,  e  todo o olho  o verá!”  E  o trono,  branco como alabastro,  aparece sobre uma nuvem do  céu;  e sobre o  trono,  assentado alguém envolto em majestade.  É Ele!   É  o Homem  que morreu  no  Calvário!  Eu  vejo  suas  mãos  perfuradas,  mas  que mudança em  sua aparência!  Nada  de  coroa de  espinhos.  Ele compareceu  ao tribunal de  Pilatos.  Agora o mundo inteiro  comparece ao seu.  Mas  ouçam!  A trombeta  soou  de novo.  O Juiz  abre  o Livro.  Faz-se  silêncio  em todo o céu! A  terra  está totalmente em  silêncio.  “Reúnam meus  eleitos  dos  quatro  ventos, meus  resgatados  das  extremidades  do  mundo.”  Também os  anjos  obedecem. Como um  relâmpago,  suas  asas  separam a multidão.  Aqui,  estão os  justos, reunidos à  direita  de  seu  Mestre; e  você,  pecador,  você  é  deixado à  esquerda. Você  é  deixado  para  suportar  o  ardor devorador da  cólera  eterna. As  harpas celestes  fazem  ouvir  doces melodias,  mas elas  não  são  doces  para  você.  Os  anjos repetem  em  coro:  “Venham,  vocês,  benditos  do  Pai,  e  possuam  por herança  o reino que lhes  foi  preparado desde a  criação do  mundo”;  mas  esta inefável saudação não lhe  diz respeito.  E  agora,  sobre a face  do  Senhor  se  acumulam nuvens  de  indignação; relâmpago  cobre  seu  rosto;  raios jorram  de  seus  olhos. Ele  olha  para  você  que  o desprezou;  você  que  brincou  com  sua  graça,  que  riu  de sua misericórdia,  que profanou  o dia de  seu  repouso,  que zombou  de  sua  cruz, 
que não quis  que ele reinasse  sobre sua alma!  Ele olha  para  você,  e com uma voz mais  tremenda  que dez mil trovões,  ele  grita:  “Aparte-se  de  mim,  maldito!”  E depois  … Não!  … Eu  não  quero  lhe  seguir  mais  longe!  Não  quero  falar nem  do verme  que  nunca  morre, nem  do  fogo  que  jamais se  extingue;( marcos 9:46-48)  não  quero descrever nem  os  sofrimentos  do  corpo,  nem  as  torturas  da  alma. Que  me  baste lhes  dizer,  pecadores  não convertidos,  que o  inferno é terrível,  que a sorte dos reprovados  é  pavorosa…  Oh!  Então  fujam,  fujam  da  cólera  por vir!  Fujam  dela sem  demora; fujam  dela  já,  pelo  medo que  sendo surpreendidos pela  morte, vocês não  se  vejam  transportados,  de  um  golpe,  para  o  meio  dos horrores indizíveis  da  perdição eterna!  Maldito  todo  aquele que não permanece em todas as  coisas  escritas  no  livro da  Lei,  para  praticá-las. III Mas,  Deus  seja  louvado,  nós  temos  agora uma tarefa  mais  doce  a cumprir.  Nós viemos,  no  nome  de  nosso  Mestre,  ANUNCIAR  A LIBERTAÇÃO  a  todo  pecador que se  arrepende. Você  me  diz:  “Pregador do Evangelho,  você  nos condenou  a  todos”.  Isto  é verdade,  meus  queridos  ouvintes.  Entretanto,  não sou  eu,  mas  Deus  é quem condena.  Eu  posso dizer  diante dos  céus:  eu  lhes  amo a todos,  individualmente, como  um  irmão ama seus  irmãos.  Se lhes  falo  com severidade,  é  unicamente para  o seu  bem.  Meu  coração,  minha alma,  estão cheios  de compaixão por  vocês; e em minhas  palavras,  aquelas  aparentemente mais  duras,  há  na  realidade mais amor  que  nos discursos agradáveis daqueles  que  lhes  dizem  Paz,  Paz!  Quando não há  paz.  Oh!  Não creiam que tenho prazer  em pregar  como fiz hoje.  Não, Deus  me é testemunha!  Eu  prefiro mil vezes  lhes  alimentar  de  Jesus,  de  sua doce e gloriosa  pessoa,  de  sua graça e de  sua justiça perfeita;  também,  tenho em meu coração,  antes  de  terminar, de  lhes  fazer  ouvir palavras  de  paz.  Então  se aproxime meu  irmão;  dê-me  sua mão e escute a mensagem da  graça que lhe trago.  Você  se  sente  culpado,  condenado,  maldito? Você  diz  neste  mesmo instante:  “Oh,  Deus!  Eu  reconheço  que  o  senhor  será  justo  em  fazer  cair  sobre mim  todo o peso  de  sua  maldição?” Você  compreende  que  longe  de  poder  ser salvo  por causa  de  suas  obras,  você  está  inteiramente  perdido  por causa  de  seus pecados? E você tem um ódio profundo pelo  mal?  Você se  arrepende sinceramente? Se é  assim,  cara  alma,  deixe-me lhe dizer  onde  você  encontrará  a libertação.  Homens irmãos! Saibam  todos isto.  Jesus Cristo,  descendente  de Davi,  foi  crucificado,  morto e enterrado.  Agora,  ele  está ressuscitado,  e assentado à direita  de  Deus  de  onde  intercede  por  nós.  Ele  veio  ao  mundo  para  salvar  os pecadores  pela sua morte.  Vendo que os  pobres  filhos  de  Adão estavam sujeitos à  maldição,  ele  mesmo  se  encarregou  dessa  maldição  e  assim  lhes  libertou.  Se, então,  Deus  amaldiçoou  Cristo no  lugar  deste ou  daquele homem,  é impossível que ele amaldiçoe esse  homem de  novo.  “Mas  Cristo foi  amaldiçoado por  mim?” – alguém me pergunta. A  isto  lhe respondo:  Deus  o  Santo  Espírito  lhe fez ver seu pecado  ? Ele lhe tem feito sentir  toda  a amargura? Ele lhe ensinou  a dar  este grito de  humilhação:  Oh,  Deus!  Tem misericórdia  de  mim que sou  pecador?  Se, na  sinceridade  de  seu  coração,  você  pode  responder  afirmativamente a estas 
questões,  tenha  bom  ânimo,  meu  muito  amado;  Cristo  foi feito  maldição  em  seu lugar;  e  se  Cristo  foi feito  maldito  em  seu  lugar,  você  não  está  mais sujeito  à maldição.  “Mas  eu  queria  ter  certeza – talvez  você  insista;  gostaria  de  não  poder duvidar  que Jesus  foi  realmente feito maldição por  mim.”  E  por  que você duvidaria,  meu  irmão? Você  não vê Jesus expirando  sobre  a  cruz?  Não  vê  suas mãos  e  seus  pés ensangüentados?  Olhe  para  Ele,  pobre  pecador.  Não  olhe  mais para  si nem  para  suas  iniqüidades; olhe  para  Ele  e  seja  salvo.  Tudo  o  que  ele exige de  você,  é que  você  olhe  para  Ele e  por  isso  mesmo  Ele lhe  dará  a sua segurança.  Venha a Ele,  confie  e creia.  Oh!  Eu  lhe suplico,  aceite com simplicidade  e fé esta declaração da  Escritura:  é uma coisa certa e digna de  ser recebida  com  inteira  confiança,  que  Jesus Cristo  veio  ao  mundo  para  salvar  o pecador. O quê? Alguém ainda objeta.  “Devo crer  então,  que Jesus  morreu  por  mim, simplesmente  porque  eu  me  sinto  pecador?”  Justamente,  meu  irmão.  “Mas  no entanto,  me  parece  que,  se  eu  possuísse  alguma  justiça,  se  pudesse  fazer  belas orações  ou  boas  obras,  seria  mais  direito  concluir  que  Cristo  morreu  por mim.”   Você  se  engana,  meu  irmão,  você  se  engana.  A  fé que então você  teria,  não seria mais  a fé;  isso  seria justiça  própria e  nada  mais.  Uma alma crê em Jesus,  quando o  pecado  lhe  parecendo  em  todo  seu  negror,  ela  se  lança  simplesmente  nos seus braços,  e se  dá  a Ele para  a purificar  de  todas  as  suas  manchas.  Então vá,  pobre pecador,  como você  está,  com sua indignidade e miséria;  tome em  suas  mãos  as promessas de  Deus,  e,  ao  entrar  em  sua  casa,  procure  a  solidão  de  seu quarto. Lá,  ajoelhe-se  junto ao seu  leito,  derrame  sua alma  diante de  Deus.  Diga  a  este Deus  que  é rico  em  compaixão e abundante  em misericórdia:  “Oh,  Senhor!  Eu sei  que  tudo  o  que acabo de  ouvir  é  verdade.  Sim,  eu  sou  maldito e maldito justamente!  Eu  sou  um  pecador  que merece  a condenação eterna.  E  tu  sabes,  ó Senhor,  estas confissões  tomam  agora  em  minha  boca  um  sentido completamente diferente.  Ao  reconhecer  que  sou  pecador,  quero dizer  que  sou um  verdadeiro  pecador.  Eu  quero dizer  que  se  tu  me condenares,  eu  não teria nada  a  dizer, que  se  tu  me  separar para  sempre  de  tua  presença, eu  teria  apenas o que me é devido.  Oh,  meu  Deus  !  Teu  sustento para  comigo  me  maravilha e  me confunde.  Como tu  pudeste sofrer  por  um  ser  tão vil como eu,  que enlameou tanto  tempo  a  terra  ?  Senhor,  eu  zombei  de  tua graça e  desdenhei  teu  Evangelho. Eu  desprezei  as  instruções  de  minha mãe e esqueci  das  orações  de  meu  pai. Senhor,  eu  vivi  longe de  ti,  violei  teus  sábados,  profanei  teu  santo nome.  Eu  fiz tudo  que é mal,  tudo  o que é desagradável aos  teus  olhos;  e se  tu  me precipitasses  no  inferno,  eu  seria  reduzido  ao  silêncio.  Sim,  meu  Deus,  eu  sou um  pecador.  Um  pecador  perdido  sem  socorro,  a  menos que  tu  me  salves;  um pecador  sem  nenhuma  esperança  de  salvação,  a menos  que tu  me libertes  !  Mas, graças  te  dou,  ó  Senhor,  tu  sabes que  também  eu  sou  um  pecador  arrependido, acusado em sua consciência,  afligido  por  causa de  suas  transgressões.  E  assim, venho  nesta  noite  te  lembrar  o  que  tu  disseste  em  tua  Palavra:  Eu  não  lançarei fora,  aquele que  vier  a mim;  e mais  :  é  uma  coisa  certa e digna de  ser  recebida com  inteira  confiança,  que  Jesus Cristo  veio  ao  mundo  para  salvar  os  pecadores. Senhor,  eu  venho a ti!  Senhor,  eu  sou  um  pecador!  Jesus veio  então  para  me salvar;  Senhor,  eu  creio!  Eu  me confio  ao meu  Senhor  para  a vida  e para  a morte! Eu  não tenho  esperança,  a não  ser  nele e odeio até o pensamento que diz que eu 
possa  encontrar  salvação além de  tua graça.  Salve-me então,  Senhor;  e ainda que eu  bem saiba que pela minha conduta futura,  eu  não poderia jamais  conseguir apagar  um  único de  meus  pecados  passados,  quero entretanto te suplicar,  ó meu Deus,  que me dês  um  coração novo  e  um  espírito reto,  a fim de  que a partir  de hoje  e  para  sempre, eu  possa  correr no  caminho  dos  teus  mandamentos;  porque não tenho  desejo maior,  que  ser  santo como  tu  és  santo e  de  andar  diante  de  ti como  teu  filho.  Tu  sabes,  ó  Senhor, para  ser amado  por ti, eu  renunciarei voluntariamente a tudo  o que possuo,  e ouso  esperar  que tu  me ames,  porque meu  coração começa  a  sentir  os abraços do teu  amor.  Eu  sou  culpado,  mas nunca teria conhecido minha culpa se  tu  não a tivesses  feito conhecê-la.  Eu  sou vil,  mas jamais saberia  que  sou  vil,  se  tu  não  me  tivesses revelado.  Oh! Certamente,  meu  Deus,  tu  não me destruirás,  após  ter  começado  em mim tua boa obra. Diante de  ti,  eu  me envergonho  e permaneço confuso! Mas,  Senhor,  tua bondade tira  minha miséria;  Tu  não tens,  entre ela e tua cólera, Posto o amor,  a cruz  e o sangue  de Jesus? Sim,  ore assim,  meu  mui  amado;  ou,  se  você  não puder  orar  tão longamente, diga  estas simples palavras  do  fundo  do  coração:  “Senhor  Jesus,  eu  não  sou nada! Sejas tu  mesmo  o  meu  tudo!” Oh!  Deus permita  que  haja  nesta  assembléia  algumas almas que,  neste  mesmo instante,  façam  subir  este  grito  em  direção  ao  seu  trono!  E se  assim  for,  saltem  de alegria,  ó céus!  Cantem,  ó serafins!  Rejubilem-se,  ó resgatados!  Porque  está aqui  a obra  do Eterno.  Que  toda  a  glória  seja  dada  a  seu  nome! Amém.   

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E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura. - Marcos 16:15

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