Genesis 37

Esta foi à pergunta que ouvi de Deus em uma vigília de intensa oração, quando questionei
as dificuldades encontradas por minha igreja para vencer o pecado em nossa cidade,
para conquistar novas vidas sem ter que apelar para shows, eventos ou campanhas
interesseiras. Sem abrir mão do que é santo para ver a igreja encher.
Quando me lamentei por não ver mais verdadeiros discípulos nascendo ou conversões
genuínas. Tudo é bem genérico em nossos dias!
As igrejas estão crescendo, mas da maneira errada. As pessoas se aproximam de Deus
não por que precisam de alívio de seus pecados ou por reconhecê-los! Não porque
querem servir a Deus.
Elas vêm mais pela música, pelo movimento, pela mídia televisiva, pelos testemunhos
muitas vezes manipulativos ou mesmo pela necessidade de se socializar entre vários
outros motivos.
Por estes motivos as igrejas estão ficando cada vez mais vazias de discípulos e
escolhidos e se enchendo de espectadores que não conhecem a Deus e pouco influem
no reino espiritual.
Pergunte para estes discípulos quem passa ao menos uma hora todos os dias em
oração? Pergunte-lhes quem já leu a Bíblia por completa? Quem destes realmente
evangeliza de casa em casa, um a um?
Poucos certamente vivem isso!
Vivemos sob uma atmosfera de total confusão espiritual. Um lugar onde ser escolhido por
Deus para muitos é estar em evidência ou ser reconhecido como um “profeta de Deus!”.
Mas qual seria a posição de um verdadeiro escolhido? Por quais processos ele passaria
para ser verdadeiramente um instrumento usado por Deus?
Quantas vezes me fiz perguntas como estas as quais somente agora por tentar responder
uma pergunta feita pelo Espírito de Deus eu também encontrei minhas respostas….

José. Seus sonhos  e uma vida não tão agradável assim

As pessoas costumam imaginar que quando alguém é verdadeiramente escolhido por
Deus é agraciado com uma trajetória de vitórias, reconhecimentos e realizações.
Quando pensamos em José no Egito já o imaginamos como um governador, exaltado por
Deus, humilhando seus irmãos e aqueles que o ofenderam, como se Deus mostrasse
realmente o que Ele pode fazer através de uma vida na qual decide operar logo nos
primeiros momentos do chamado.
No entanto isto nem de perto reflete o que realmente ocorreu na vida de José.
Ser um escolhido de Deus mesmo no inicio é andar completamente ao contrário das
outras pessoas. É sonhar coisas que outros não sonham e ser desprezado por isso.
José sofreu o desprezo de seus irmãos e perdeu o amor deles por causa de seus sonhos
inconvenientes. (Gênesis 37:5-10)
O chamado de Deus nunca é conveniente com o curso das nossas vidas e possivelmente
nunca nos trará reconhecimento humano! Muito provavelmente o chamado de Deus nos
trará mais problemas do que vantagens.
José sentiu e passou por isso logo no principio e este chamado o levou a viver uma vida a
qual certamente ele nunca desejou. Deixou marcas, traumas e lhe tirou totalmente de sua
zona de conforto

Aprendendo a ser escravo do escravo.

E se nós disséssemos que ser escolhido significaria ser reduzido a nada? Se
afirmássemos que ser escolhido é ter que se tornar escravo do escravo?
José ainda na idade de 17 anos ao ser jogado na cova, ao ser entregue aos Midianitas e
por fim ser vendido por 20 moedas a Potifar capitão da guarda de Faraó se tornou
escravo em sua casa.
Imagine agora um jovem rico, filho de um homem riquíssimo conforme vemos na própria
bíblia (Genesis 30:40). Um rapaz que provavelmente possuía servos e servas.
Acostumado a ser servido e a ganhar roupas coloridas. Alguém que comia da melhor
comida e gozava do amor e preferência de seus pais (Gênesis 37:4). Um filho de uma
família tradicional e que servia ao único e verdadeiro Deus ao qual seu pai foi chamado
de “príncipe de Deus” e de “aquele que luta com Deus e prevalece.” (Gênese, 32:29)
Este jovem por ser escolhido veio a se tornar escravo do escravo de Faraó, em terra
estranha, comendo comida de escravos e tendo que aprender a servir.
Mas por que José precisou aprender a servir? Por que Deus não o colocou logo de inicio
como governador? Por que tanto sofrimento em ambiente desconfortável e hostil?
Aí encontramos outra característica importante em relação aos verdadeiros escolhidos por
Deus; Eles sofrem!
Nunca encontraremos um escolhido que não passe pelo polimento do sofrimento!
Deus teve que ensinar José a servir, para que depois este valorizasse os servos que teria.
Um bom governador é aquele que primeiro aprendeu a ser governado. Um verdadeiro
líder é aquele que primeiramente aprendeu a ser liderado.
Um escolhido cedo ou tarde terá que aprender a servir. Será forçado pela humilhação,
pois se não consegue servir ao seu próximo nunca aprenderá a servir a Deus

Sendo testado mesmo que ninguém esteja vendo

Deus então começa a construir um caráter em José. Ele não só lhe tira de uma vida
maravilhosa e confortável, mas lhe permite que venham tentações e provas.
José começou a ser observado pela esposa de Potifar.
Um escolhido de Deus mesmo sendo um escravo é notado pelos demônios que o
conhecem. Ainda que o mundo não o veja, mas os seus opositores conhecem suas
promessas. (Gênesis 39:6)
Esta situação se intensificou ainda mais quando Potifar percebeu todo o potencial de José
e o colocou como mordomo em sua casa.
José passou a sofrer pressões por parte da esposa de Potifar para que se deitasse com
ela. Ela o tentava todos os dias insistentemente. (Gênesis 39:7 – 10)
No entanto José resistiu e mostrou claramente suas razões quando falou de seu Deus e
os motivos pelos quais não iria ceder aquelas investidas.
José foi trancado no cárcere vitimado pelas mentiras da esposa de Potifar. Esta foi à
recompensa pela fidelidade?
José poderia muito bem se lamentar nestas circunstâncias. Isto é exatamente o que
acontece com pessoas escolhidas por Deus, elas às vezes sofrem por honrarem a Deus.
Não esperemos recompensas por fazermos o certo!
Mas o que aconteceria com José se ele tivesse cedido? O que ocorreria se ele resolvesse
manter um caso com a esposa de Potifar?
Talvez não acontecesse nada! Possivelmente em sua época José tivesse visto vários
exemplos disso.
Seria possível que ele não sofresse nenhum dano com esta atitude se ninguém soubesse
de suas ações. Era provável que ele não tivesse nada a perder.
No entanto uma coisa ele perderia certamente. Ele perderia o favor de Deus!
Este é um fator muito importante a ser considerado por alguém que é escolhido por Deus.
Existem muitas pessoas que até são chamadas pelo Senhor, mas que ficam estacionadas
em sua jornada, esquecidas no deserto. Porque em algum ponto de sua trajetória
perderam o favor de Deus.
José poderia ter tomado à decisão de pecar e cometer aquele adultério. Provavelmente
se agisse com cuidado ninguém descobriria, mas ele certamente estava sendo visto por
Deus e perderia o favor do Senhor. Envelheceria na casa de Potifar e provavelmente
morreria como um escravo

O processo doloroso do cativeiro.

O cativeiro assim como o deserto para alguns talvez seja a parte mais dolorosa da
trajetória de um escolhido por Deus, pois este estágio pode durar anos sem fim.
É o lugar onde Deus geralmente muda nossa personalidade. O local onde nos calamos e
parece que fomos esquecidos. Geralmente é principalmente nesta fase que um escolhido
desenvolve-se na oração, na intimidade e relacionamento com Deus.
A esta altura da história de José nós não o encontramos mais como um simples sonhador.
Ele se revela agora como alguém que tem o poder de interpretá-los. (Gênesis 40:8)
Alguma coisa muito importante aconteceu neste período da vida de José, pois ele adquiriu
dons. Sua vida muda completamente á partir do momento em que ele tem a oportunidade
de ficar sozinho com Deus, esquecido do mundo fora da prisão.
Nisto aprendemos que existe um propósito grandioso nas lutas que um escolhido de Deus
passa. Elas servem para que este homem ou mulher obtenha mais afinidade com o
Senhor e com seu Espírito para que se torne um verdadeiro profeta e podemos entender
o porquê os profetas tendem a serem criados e educados sempre nos desertos

Esquecimento não significa que Deus se esqueceu.

Outro ponto interessante na vida de José na prisão que vale a pena prestarmos atenção é
que mesmo quando Deus o orientava, o exaltava lhe favorecendo naquele ambiente
difícil. Todavia o seu cativeiro continuava e sua provação prosseguia.
José tinha todos os motivos para se questionar e perguntar a Deus o porquê de se
encontrar esquecido depois de tantos sonhos e promessas.
Mesmo após sentir o Espírito do Senhor e interpretar o sonho do copeiro e do padeiro de
Faraó ainda continuava prezo.
Na verdade dois anos se passariam até que o copeiro se lembrasse de que na prisão
havia um jovem inocente de seus crimes que possuía a habilidade de interpretar os
sonhos das pessoas. (Gênesis 41:1)
Mas embora a liberdade tardasse e mesmo que parecesse que Deus havia se esquecido
de José esta não era exatamente a verdade, mas é um dos principais processos que um
escolhido geralmente passa. Deus lhe dá tempo sozinho! Parece que não, mas na
verdade Deus está montando o cenário para que o grande plano aconteça e construindo a
personalidade de seu escolhido!
É preciso entendermos que Deus sob nenhuma hipótese se esquece. Ele nunca deixa de
cumprir os seus planos!
Ainda que tarde. Mesmo que os escolhidos se percam ou se desviem do caminho Ele
levanta alguém para cumprir suas promessas. E se alguma das promessas de Deus
deixar de ser cumprida na vida de alguém é certo que tal coisa só ocorreu por
desobediência por parte daquele que recebeu a promessa e não por Aquele que a
prometeu.

O maravilhoso dia do cumprimento das promessas

Finalmente chega na vida de José o início do cumprimento de todas as promessas! Este
dia para um escolhido é o mais maravilhoso de todos!
Agora José vislumbrava as recompensas por ter sido fiel. Por ter acreditado mesmo em
meio a todas as adversidades e sofrimentos.
José é exaltado de tal maneira que é impossível afirmar não ser a mão de um Deus
sobrenatural que o colocou na sua posição.
Aquela nação poderosa com suas faculdades, bibliotecas e sua tecnologia ainda hoje
incompreendida. Com sua prosperidade e fertilidade garantidas por florescer as margens
do Rio Nilo. Uma nação com centenas de deuses, rituais e na vanguarda de seu tempo
agora se dobra a um filho do Deus altíssimo que foi levado estrategicamente para lá para
tornar-se governador.
Faraó coloca no dedo de José o seu anel real, lhe veste de linho fino e coloca um colar de
ouro em seu pescoço(Gênesis 41:42). Entrega-lhe seu segundo carro de
honra (Gênesis 41:43). Uma carruagem dourada que só o faraó poderia possuir e ainda
decreta que somente no trono José lhe seria inferior e que ninguém levantaria um pé ou
uma mão em todo o Egito sem que José lhes permitisse. (Gênesis 41:40, 44)
Quando as promessas se cumprem nós podemos perceber claramente que não teríamos
chegado até este ponto sem que a mão do Deus altíssimo não nos tivesse favorecido.
Enxergamos que um estranho poder espiritual influencia o mundo físico e o dobra a
sublime vontade de Deus! Quando as promessas se cumprem nós percebemos que Deus
é que realmente está no controle de tudo!
Mas é necessário lembrar que o cumprimento das promessas não significam o fim das
lutas. Geralmente é quando novas lutas começam.
Passou-se aquele estágio e agora novas promessas são feitas e novas batalhas se
iniciam na vida de José assim como na vida de qualquer escolhido de Deus.

A atmosfera da nação do Egito

Então voltamos ao inicio… Retornamos a pergunta que nos fez refletir sobre tudo o que já
foi tratado neste artigo.
Às vezes nos queixamos das dificuldades que enfrentamos para vivermos nossa historia
com Deus nestes dias trabalhosos nos quais existimos. Parece que quanto mais os
tempos avançam, mais encontramos barreiras para praticarmos nossa fé.
Escândalos, heresias, mentiras, mundanismo apostasia e muitas outras manifestações
que compõem a atmosfera da igreja contemporânea. (1 Timóteo 4:1-2)
Faltam-nos referências no que se refere a vidas verdadeiramente convertidas e entregues
na mão do Senhor. Já não somos uma geração tão confiável e praticante de um
Evangelho genuíno como foram os primeiros cristãos. E ainda temos esta atmosfera
pesada espiritualmente nos oprimindo, proporcionada pela modernidade, tecnologia e
influência direta de demônios e espíritos enganadores.
Mas será que José viveu algo assim? Ele teve que enfrentar situações e atmosferas
semelhantes as que nós os escolhidos por Deus nestes tempos estamos enfrentando?
Penso que José tenha enfrentado uma atmosfera bem mais carregada e difícil!
Imagine uma nação cheia de deuses estranhos como Osíris juiz do mundo dos mortos,
Set senhor do caos, Hórus protetor dos faraós, Anúbis e outros como Bastet, Thoth,
Hathor, Ísis etc…
Uma nação assim carregada de misticismo e de espíritos enganadores certamente
deveria proporcionar a um verdadeiro crente um ambiente de extrema angústia. Além
disso, José tinha que conviver com as expressões de fé a estes deuses que os religiosos
do Egito deviam lhes prestar diariamente.
Prostituição cultual, sacrifícios humanos de escravos, rituais profanos e muitas outras
práticas que encontramos nos registros arqueológicos da cultura egípcia.
Não bastasse isso José certamente não poderia declarar a sua fé abertamente, pois ser
reconhecido como interprete de sonhos era uma coisa, mas doutrinar aquela nação era
outra completamente diferente. Não existem registros bíblicos que afirmem que durante o
período que José governou a nação egípcia aquele povo se converteu ao Senhor.
E para complicar ainda mais sua situação Faraó o fez casar com a filha de um sacerdote
egípcio. Uma mulher que não comungava da mesma fé de José, que não servia ao Deus
verdadeiro e que cresceu professando uma fé completamente oposta. (Gênesis 41:45)
Logo o que podemos concluir é que não existem circunstâncias amigáveis e atmosferas
favoráveis para que os escolhidos por Deus possam servi-lo e exercerem seus ministérios
de forma tranquila.

Quanto tempo ainda vai demorar?

Talvez um dos detalhes que mais passam despercebidos na trajetória de José é o período
o qual demorou para que as promessas e sonhos finalmente começassem a acontecer.
José foi vendido como escravo quando tinha 17 anos e somente se apresentou a Faraó
com a idade de 30 anos. Isso significa que Deus precisou de 13 anos para preparar José
para o propósito que tinha em sua vida. (Gênesis 41:46)
Assim como na vida de vários outros escolhidos para que os planos de Deus se
cumprissem eles precisaram desenvolver primeiro sua história com Deus.
O Senhor não usa quem não tem uma trajetória com Ele!
Moisés também passou por sofrimentos e processos. Foi preparado 40 anos no Egito e
depois mais 40 anos nos desertos de Midiã e só então nos últimos 40 anos o projeto de
Deus em sua vida começou a se desenrolar.
Foi assim também com Davi que somente começou a reinar com 30 anos mesmo tendo
sido escolhido em sua adolescência.
Outros grandes homens de Deus também passaram por processos envolvendo desertos,
cativeiro e tempo de espera. Como o próprio apóstolo Paulo que sofreu processos
exatamente iguais. Foi desprezado pelos cristãos de Jerusalém e foi igualmente
esquecido na Azia e depois de aproximadamente 10 anos de sua conversão foi chamado
para fazer a obra missionária (Atos 13:2)
E como não falarmos do próprio Jesus que mesmo sendo o filho de Deus somente
começou seu ministério aos 29 anos ainda que não possuísse imperfeições, mas
possivelmente para nos dar o exemplo?
Deus usa todo este tempo e todas estas circunstâncias adversas não porque Ele prefira
fazer os seus escolhidos sofrerem, mas por culpa do próprio homem que geralmente tem
o seu coração cheio de precipitações, exaltação, imediatismo e egoísmo.
O tempo de Deus só chega quando estas características são retiradas de nosso caráter
ou quando são completamente aplacadas.
Então que possamos entender. Para um escolhido ver os projetos de Deus se cumprirem
certamente terá que esperar, ser paciente e aprender durante este processo.
E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a
tribulação produz a paciência, E a paciência a experiência, e a experiência a esperança. E
a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos
corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. (Romanos 5:3-5).

Conclusão

Por mais que os tempos e os locais geográficos sejam diferentes, um verdadeiro
escolhido sempre estará vivendo sobre grande pressão tanto do mundo espiritual como
do mundo físico. Sempre será preciso uma posição persistente e corajosa. Não existem
desculpas referentes há tempos ou atmosferas que possamos usar para justificar nosso
fracasso.
Quando Deus nos escolhe Ele já sabe de nossas limitações, Ele conhece todas as nossas
imperfeições e pecados. No entanto nos escolhe para começar em nós uma obra de
mudança e transformação.
O Senhor prepara a pessoa certa para a circunstância certa, o guerreiro certo para o local
geográfico certo.
Assim como José foi preparado especialmente para governar o Egito, pois certamente
somente naquele oásis as margens do Nilo Deus poderia prover alimento para sustentar
toda a terra nos anos de fome. Da mesma forma Deus escolhe pessoas para planos
específicos.
Ainda que pareça que está errado, que não nos encaixamos em determinada situação,
que não aguentamos tamanhas responsabilidades. Todavia Deus sabe muito bem o que
faz!
Um verdadeiro escolhido sempre parecerá uma peça fora do lugar. Sempre estará se
perguntando se está na posição certa ou no plano certo. Deus é quem escreve nossa
trajetória e não nós.
“_Eu considero a atmosfera que José viveu no Egito bem semelhante a que vivemos hoje
em nossas vidas, cidades e igrejas! Reconheço que cada herói da Bíblia que foi escolhido
por Deus passou por processos e lutas semelhantes as que passamos hoje. Cada luta,
cada sofrimento, cada atmosfera contraria vem de encontro aos nossos corações nos provando que fomos escolhidos por Deus!